Era um homem alto, magro e sempre vestido com cores escuras. Andava meio de lado. Tocava as coisas levemente. Vivia preso em um luto sem fim. Desde que seu avô morreu, há uns onze meses atrás sentia algo sombrio abatê-lo, sugá-lo para o fundo de seus medos e inseguranças.
A casa do avô, que ele bem conhecia, foi entregue-lhe como herança e sua própria família considerava aquilo um descuido, não confiava que ele era capaz de zelar pelo bem, o forçou a brigar por aquilo na justiça e, então, o ambiente onde viveu tantos momentos memoráveis transformou-se em algo amargo e tortuoso.
Aquelas paredes guardavam tanto... Ficou recluso, decidiu que era melhor assim.
Agora, sentado naquela cadeira, na cafeteria da namorada de seu amigo, com o café já gelado por entre seus dedos, ele sentia-se perdido, apavorado, revoltado. Mas era uma revolta que vez ou outra convertia-se em covardia, de qualquer maneira. Era sempre assim desde que viu o ser que ensinou-o tanto dentro de um caixão. Ele estava totalmente perdido, naufragado. Sentiu o olhar de alguém sobre si, decidiu averiguar quem era e então paralisou. Olhos cor de areia tratavam de examiná-lo até onde desse, parecia dizer para ele que entendia sua dor, parecia mostrar sua alma por completo.
Percebeu-se diferente. Um calor súbito, um palpitar dentro de suas entranhas e seu leve suor frio manifestaram algo incompreensivo, era como se uma carga tivesse sido lançada dentro dele. Ela estava do outro lado da cafeteria. A viu desviar o olhar, enrubescer, encarar as próprias mãos em desacreditamento.
o seu texto é muito interessante! essa atividade me estimulou a fazer um texto bem trabalhado, inclusive eu escolhi essa proposta também.
ResponderExcluirAh, obrigadaa! Fico feliz que tenha gostado. Creio que essa proposta foi bem aberta e mais fácil para escrever.
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