Era a primeira vez que eu almoçava na escola e estava meio nervosa. Peguei minha comida – feijão carioca, arroz, frango e um copo com água de suco – e, como não conhecia ninguém, fiquei alguns segundos observando as cadeiras, escolhendo um lugar para sentar. Assim que detectei uma, no meio da quarta fileira, andei em passos lentos – para que o almoço não saltasse do prato e fosse ao chão – decidida em ocupá-la.
Porém, antes que eu pudesse perceber, a presença de alguém vindo em minha direção com passos largos ao lado de duas outras pessoas fez eu ir com mais cuidado. Olhei de rabo de olho e vi que tratava-se de um garoto com casaco rosa e duas meninas. Ele, distraído, cumprimentava alguém que estava almoçando, sem se dar ao direito de olhar para frente e ver que estava prestes a bater em mim. Percebi que ele ia realmente trombar comigo, mas minha voz não saia para avisá-lo e não tinha como sair da sua frente bruscamente. Então, parei na hora apenas esperando o choque. Não sei como, poucos centímetros de onde eu tava ele percebeu que ia bater em alguém e parou bem perto, digo até que dava para sentir sua respiração em minha cabeça. Eu estava até com o olho parcialmente fechado.
Quando percebi que ninguém havia batido em mim, abri os olhos e suspirei inaudivelmente, ouvindo apenas seu pedido de desculpas. A pessoa com quem ele tinha falado começou a zoá-lo. Já eu fui sentar no meu lugar, pensando no que minha mãe acharia da minha roupa cheia de caldo de feijão. Bem, muito provavelmente também iria sujar o seu casaco rosa. Sinceramente? Não sei de onde vinha o frio, estávamos no verão oras.
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