RESENHA N°11: A última carta de amor

Título original: The Last Letter From Your Lover
Autora: Jojo Moyes
Editora Brasileira: Intrínseca
Ano de publicação: 2008
Páginas: 316
Adaptação para filme: 2021
Stars: 4,3/5

No passado, Jennifer Stirling, uma mulher que exalava beldade e simpatia – além de ser uma das melhores anfitriãs nos vários eventos que oferecia em sua residência – é o padrão feminino da época em que vivia dos anos 60'. Casada com Laurence Stirling, o poderoso no mundo dos negócios e sempre cercada por um grupo de amigos de sua mesma linha, Jennifer acredita ter quase tudo em suas mãos e a vida ideal, porém, ela não esperava que em uma viagem de verão com o marido para a Riviera francesa o jornalista Anthony O'Hare a que veio para fazer uma coluna sobre seu marido e a julgou mal enquanto estava bêbado pudesse mudar todo o rumo da sua vida, quer dizer, do seu coração. Após sofrer um acidente e não se lembrar de nada, apenas uma carta encontrada por Jennifer entre suas coisas a fará perder o fio da meada e ir à procura de Anthony, em meio a tantas dúvidas.

Enquanto isso, no presente, Ellie Haworth é uma jornalista de trinta e poucos anos da Nation e vive uma espécie de relação amorosa com o escritor John desde que conheceram-se numa entrevista feita por ela. Ele é casado e tem filhos, deixando assim dúvidas em Ellie, onde ela pensa se realmente deve levar o que eles tem a diante. O prédio que ela trabalha irá mudar-se e, para comemorar os muitos anos do jornal, sua chefe Melissa decide fazer algumas matérias especiais que resgatem etapas das épocas vividas pelo jornal, cabendo a Ellie a função de fazer uma coluna sobre o tema. Sendo assim, ela é obrigada a fuçar o arquivo empoeirado em busca de algo que ajude na matéria. E então, no meio de umas pastas ela acha uma espécie de carta e interessada decide lê-la, imediatamente sente que aquele simples papel velho guarda uma história de amor e perda demasiadamente impressionante, a levando a ir atrás de mais pistas para saber o que realmente aconteceu.
















Em um primeiro momento, tem-se que a obra é carregada pelo amor e as sensações e emoções que vem junto a esse sentimento, porém durante muitos momentos a crítica volta-se à mulher e sua contribuição na sociedade da época a qual a personagem Jennifer foi desenvolvida. Época essa que não via-se a igualdade de gênero e somente os homens tratavam de assuntos políticos e relevantes, por assim dizer. Fazer eventos em casa e ser vista por todos como "decorativa" traz à personagem principal uma maneira da autora de apresentar o papel feminino estereotipado - principalmente devido à sua classe social - que circundava na sociedade inglesa dos anos 60'. Para além disso, a crise do Congo em 1961 após sua independência que envolve-se na trama e as várias inferências que leva o leitor a fazer sobre tal situação embala uma obra que utiliza-se da ambientação e contextualização entre fatos da realidade e ficção esplendorosamente.

Algo que a autora pecou um pouquinho foi a descrição que, às vezes, atrapalha no modo de fluir da história. Sinto que poderia ser mais direta quanto a algumas situações escritas, tendo em vista que a sequência de fatos que se desenrolam dá uma empolgação e emoção maior quando mostradas sucintamente. Outra coisa é a falta de profundidade quanto à jornalista Ellie que traz consigo uma história interessante e relevante ao ponto de também levar mais desenvolvimento. A história gira em torno da Jennifer ao ponto de se esquecer da outra personagem, mesmo que ela tenha seu próprio mundo construído. No entanto, apesar dos contras, não deixa de ser um livro envolvente e cheio de reviravoltas.

Portanto, recomendo bastante para aqueles que gostam de sentir a felicidade e tristeza ao mesmo tempo. É uma obra que caminha em linha tênue entre esses dois extremos, não somente pelo tema de amor proibido, mas também por todos os outros contornos que a trama trata de levar em conta e a aura densa que por vezes revela-se em crítica.

Citação:


"Certa vez uma pessoa sábia me disse que escrever é perigoso pois nem sempre podemos garantir que nossas palavras serão lidas no espírito em que foram escritas. Portanto, vou ser direto. Desculpe-me. De verdade. Perdoe-me. Se houver algum jeito de eu poder mudar o que você pensa sobre mim, preciso saber."

- A última carta de amor, Jojo Moyes, Editora Intrínseca

Nota:

Hellouiss! Trago aqui mais uma resenha, a qual também foi feita no blog da escola. 


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