Ruth Guimarães



O sol escaldante fazia-se presente. Seu ônibus apontou no início da rua de terra e a hora de se despedir de seu primo - por quem tem um grande apreço e muito amor, afinal tinham sido criados juntos e eram amigos de longa data - estava a chegar. Decidiu que quanto mais rápido se despedirem, melhor. O puxou para um abraço que foi retribuído rapidamente. 

— Vou te visitar. — Seu primo declarou após separarem-se do abraço. 

— Promete? — Ela questionou. 

— Prometo. — Ele confirmou e o ônibus parou na frente dos dois. 

Ruth olhou para trás antes de subir no automóvel e acenou. O primo retribuiu o aceno e a observava. Pegou o ônibus e seguiu em viagem a caminho da casa dos avôs maternos. Seus pais não estão mais vivos e a guarda ficou para os avôs. O luto era iminente em sua face, porém a vida continuava. Tinha que manter-se forte. Assim que chegou na sua nova "casa", instalou-se e organizou suas roupas na gaveta que deixaram reservada para ela. Após arrumar tudo, foi para cozinha ter com sua avó. 

— Como você está? — A idosa perguntou um pouco preocupada. 

— Não está sendo fácil. 

— Para mim também não. — Lamentou e chamou a neta para um abraço. 

Depois de se separarem, Ruth decidiu voltar para o quarto. Ainda não estava totalmente recuperada de saber que não tem mais ninguém de sua família, a não ser seus parentes, ao seu lado. Deitada na cama e sentindo o cheiro de amaciante advindo dos lençóis limpos, lembranças vagueiam sua mente onde está a procurar um novo livro para ler. Seu pai tinha uma pequena biblioteca em casa com cerca de cem livros na estante e a deixava imersa neles por todo o tempo livre que ela tivesse. Lembra-se também de sua mãe sentada em uma cadeira concentrada no livro de romance. 

Suspirou diante de sua memória repleta de bons momentos e decidiu então concentrar-se no futuro. Ela queria começar logo na nova escola e, a pedido da mesma, seus avós já haviam feito sua matrícula no colégio de Guará. Seria um entretenimento, já que precisava voltar a sua rotina e tentar ser alguém na vida. Nas horas vagas decidiu que faria alguns textos e contos. Já havia feito umas colunas para o jornal local quando tinha apenas dez anos. Por que não fazer agora? Seria um refúgio do seu mundo e uma das maiores riquezas deixada por seus pais, o incentivo a leitura e a sua importância. Ruth havia decidido, em seu íntimo, que honraria seus pais.

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NOTAS FINAIS

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1. Esse texto foi feito em 2020 para um trabalho da escola;

2. A minibiografia romanceada tem como base a entrevista a seguir;


3. Até hoje tenho vontade de ler o livro dela "Água Funda", mas nunca tive a oportunidade. Ruth tem profundidade e força absurdas. Agradeço a minha antiga professora de literatura e redação por fazer-me conhecer essa escritora maravilhosa.

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